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Novo livro da Editora Cultrix apresenta biografia coletiva de família judaico-alemã antes, durante e no pós-Segunda Guerra
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Resultado da correspondência de familiares através de duas gerações obra descreve, com detalhes, o dilema de judeus que enfrentaram a dolorosa decisão de abandonar a Alemanha nazista. |
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Sob o Fantasma do Holocausto, livro que a editora Cultrix lança em junho, relata a trajetória dos Kaufmann-Steinberg - uma família judaico-alemã bastante comum, mas que estava longe de ser convencional. Chefiada por duas irmãs que estavam entre os primeiros empresários do sexo feminino da época, a família sofre com os traumas da separação sob o nazismo e com o aumento das perseguições aos judeus, acompanhados pelos crescentes riscos de deportação, além da dúvida de permanecer ou abandonar a Alemanha nazista.
Mas, engana-se quem pensa que a intenção foi produzir mais um livro sobre o Holocausto. A proposta das autoras é singular – lançar uma obra inédita, que elas preferem chamar de biografia coletiva, sobre os efeitos do Holocausto na vida dos civis e de uma sociedade inteira, partindo das experiências vividas por essa família, testemunhas oculares do período.
Para tanto, Rebecca Boehling e Uta Larkey utilizaram rico material recém-descoberto pelos familiares do clã Kaufmann-Steinberg, que deu origem ao conteúdo da obra. São fotografias, diários, cartões-postais e mais de 600 correspondências - cuidadosamente preservadas – trocadas entre os familiares durante as décadas de 1930 e 1940.
Os documentos fornecem ricos detalhes sobre o cotidiano e a luta dos judeus sob o regime nazista. Retratam lembranças da vida na Alemanha, na Inglaterra, na Suíça, nos Estados Unidos, no Chile e em Israel, antes, durante e após a Segunda Guerra Mundial. Entre os temas relacionados nas cartas estão preocupações diárias, experiências e dinâmicas da vida familiar, questões financeiras, doenças, casamento, emprego, eventos cotidianos corriqueiros, até a chegada dos nazistas ao poder, suas restrições contra os judeus e sua política esquizofrênica de imigração e emigração.
Perseguição, emigração e avanços
Marcada pela transitoriedade, a história dos Kaufmann-Steinberg reúne elementos valiosos para o estudo da trajetória judaico-alemã na era moderna. Sob o comando de duas mulheres, a família assume proposta ousada para a época: elas ajudam homens que passam por dificuldades profissionais no sustento financeiro; a obra, por sua vez, examina o papel do gênero e funções admiráveis que as mulheres exerceram há mais de oito décadas, sendo consideradas precursoras de uma Nova Era. Testemunha as relações familiares diante da perseguição antissemita, bem como questiona o pertencimento de um determinado grupo – os judeus alemães – a uma conjuntura social, cultural e étnica. E ainda, expõe as frequentes dúvidas sobre permanecer ou deixar a Alemanha nazista. Caso a opção fosse sair, como decidir o melhor destino? América do Sul (Chile), Palestina (Israel), Grã-Bretanha, Estados Unidos?
Uma vez decidido deixar a Alemanha, a emigração também não era fácil, um leque de impedimentos se estabelecia antes da partida, as sanções financeiras impostas pelas políticas do Terceiro Reich e os boicotes econômicos somavam-se aos obstáculos pessoais e profissionais e à severa legislação contra os judeus.
As autoras expõem as cartas, usando-as fartamente como fontes primárias, e nos mostram como cada membro compreendia os eventos históricos e os reflexos diretos e indiretos sobre seu futuro. Mostram ainda sentimentos de resignação, memórias, otimismo e esperança. Os documentos possibilitam ainda explorar o legado de experiências do Holocausto e o impacto da imigração e do exílio sobre essa família, além de detalhar os medos, angústias e esforços de cada um para recomeçar a vida em países estranhos após o maior e mais infame genocídio da história.
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Sobre as autoras
Rebecca Boehling é diretora da Universidade do Centro Dresher de Maryland Baltimore County para as Humanidades. Leciona cursos de história moderna da Europa, incluindo a história alemã, Estudos Judaicos, e história das mulheres europeias. Publicou livros e artigos sobre o Holocausto, pós-Segunda Guerra Mundial a Alemanha e as relações germano-americanas. Ela publicou anteriormente uma questão de prioridades: as reformas democráticas e da recuperação econômica na Alemanha do pós-guerra (Berghahn Books, 1996).
Uta Larkey recebeu seu mestrado na Universidade de Leipzig e seu doutorado pela Universidade Humboldt de Berlim. É a diretora do programa alemão em Goucher College, em Maryland, onde leciona cursos de língua e cultura alemã e da tradição judaica, Holocausto, e os estudos de cinema.
Sobre a Editora Cultrix
Fundada em 1956, a Editora Cultrix tem como objetivo lançar títulos voltados para a área de ciências sociais e humanas, especialmente literatura, linguística, sociologia, psicologia, administração e marketing. Hoje, figura entre as editoras que mais contribuem para o fortalecimento de uma cultura voltada à sustentabilidade.
A editora integra o Grupo Editorial Pensamento, nascido em 1907 e reconhecido pelo pioneirismo e inovação na seleção de temas e títulos para publicação.
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